Toda vez que desejo mudar um pouquinho o ritmo de minha aula. Dar um look mais interativo com os alunos, usar mais recursos visuais para transmitir conhecimentos, me vejo às voltas com as dificuldades em montar o equipamento, qual seja vídeo, projetor de slides, a famoso datashow, muito usado atualmente. A começar pelo notebook, que tem se transformado em mola mestra do equipamento. Ultimamente já nem uso mais tv, pois o notebook se faz de tv também, Tem ainda a questão do áudio, pois muitas vezes, é importante que os alunos ouçam o que está sendo falado. Um filme é muto rico em informação. Mas tenho problemas com os pequenos equipamentos que preciso ter à mão para que tudo funcione perfeitamente, por exemplo, um cabo de som, um adaptador de três pinos para dois. As novas tomadas costumam receber somente pinos redondos e não mais quadrados. Sei que depois de tanta luta para ter tudo isso pronto à mão, a aula já está perto de acabar e me frustro.
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
terça-feira, 4 de setembro de 2012
LUTA PEDAGÓGICA
Era pra ser um
grande evento, mas como sempre, acaba se resumindo ao pouco que a gente
consegue, como idealizador e gestor. O projeto escolar CONTANDO NOSSA CULTURA,
posto em prática no Colégio Estadual ..., voltado para a valorização da cultura,
até que começou bem, com os alunos sendo introduzidos ao mundo da literatura de
cordel, seus principais autores, os livrinhos que adquiri na Academia
Brasileira de Literatura de Cordel, diretamente das mãos de seu maior autor,
Gonçalo Ferreira da Silva, há muitos anos radicado no Rio de Janeiro,
atualmente morador de Santa Teresa.
Nas primeiras
aulas, dedicava metado do tempo aos conteúdos de Língua Inglesa nas turmas em
que trablaho semanalmente. A outra metade do tempo era voltada para a leitura
dos versos de cordel, com os livretos espalhados sobre minha mesa,
intencionalmente dispostos para que os alunos pudessem manuseá-los. Afinal, não
é comum se ver livros de cordel em livrarias, muito menos em shopping centers.
--Eu quero ler
esse aí que fala da violência no Rio!, -- disse um aluno mais exaltado, ao perceber que alguns livretos eram voltados
para temas familiares.
--Ih, professor,
me deixa ler aquele que fala da mulher e do Ricardão!!
E assim foi, nas
aulas que se seguiram. No final de cada aula, eu cuidava para que os livrinhos
ficassem expostos num varal, para dar bem a impressão de estarem à venda em
feiras, forma usual como eram e ainda são realmente comercializados pelo
Nordeste do Brasil.
Nas segunda e
terceira semanas do projeto cultural, a idéia era fazer com que os alunos
lessem lendas brasileiras e assistissem a uns
vídeos sobre o saci-pererê, a
mula-sem-cabeça e a Iara, personagens mais conhecidos do universo
folclórico brasileiro. Foi quando de repente um dos mais afoitos, espivetados da
sala, gritou:
--Olha lá o
Damião, igualzinho ao Saci!
Tratei logo de
minimizar aquela manifestação de bullying em sala de aula, coisa que está se tornando
comum entre os alunos, mas que precisa ser combatida veementemente pelos
professores e a escola de modo geral. Os alunos precisam ter noção e pôr em
prática o respeito mútuo e saberem usufruir da atmosfera de amizade que deve
ser comum no espaço escolar.
E assim foi nas
aulas subsequentes até que chegou o dia da culminância do projeto, aquele dia
em que se reuniriam várias turmas envolvidas no trabalho para a apresentação no
auditório. Claro que eu já havia montado uma sequência de acontecimentos no
decorrer da culminância: execução e canto do Hino Nacional, apresentação de clip
repentistas com abordagem social dos costumes em permanente mudança. A intenção
era que a letra do repente tocasse os alunos. Não sei se fui bem sucedido nesse
ponto, pois nem sempre os alunos dão ouvidos a certas coisas. Além disso,
haveria a leitura de versos de cordel e de algumas lendas. Por fim uma
apresentação de dança de carimbó e forró, expressando a cultura do Norte e
Nordeste. Mas de início enfrentei um probleminha técnico com o meu notebook,
que insistiu em não querer abrir o clip do Hino Nacional. O suor frio começou a
querer descer pela minha testa ao mesmo
tempo que ouvia algum aluno gritar lá no fundo do auditório: --Como é que é, professor, vai ou não
vai? Já estou cansado de ficar em pé aqui!! Por sorte, minha colega lembrou-me
de reiniciar o famigerado notebook e foi o que fiz. Desconectei os pendrives
que lhe impediam de iniciar diretamente e foi quando percebi que dessa vez
funcionaria. Disse à turma: --Agora vai, pessoal!!—eles se animaram e os fiz se
levantarem novamente para em seguida, ao ouvir os acordes do Hino, começaram a
cantar (pelo menos os versos iniciais) junto com o clip que além de exibir o
som, mostrava também a letra. Daí pra frente, foi só festa. Entraram as
bandeiras dos estados do Nordeste, mas não sem antes termos ensaiado rapidamente
na ordem em que eles se dispõem geograficamente de norte a sul. Tudo
transcorreu às mil maravilhas e no final das apresentações, deixei-os mais à
vontade para que pudessem dançar livremente o som nordestino por excelência, o
forró. Eles o fizeram à sua maneira, pois que o forró lhes permite dançar do
jeito que sabem, importando mais o balançar dos corpos ao som do “mexe-mexe”.
Percebi que todos queriam particiapar da festa na escola, mas no sentido de
estar presente, sem necessariamente exercer alguma atividade. Só ouvia aluno
dizer: --Eu não vou lá na frente, não!! Eu tenho vergonha!! Não quero falar no microfone!!!
Dei-me por
satisfeito e encerrei o evento sem mais delongas. Já era quase hora de irem
para casa.
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