quarta-feira, 29 de maio de 2019

FOME DE LEITURA

 






   Esses novos alunos que chegaram para estudar no Ciep 394 em 2019 são daqueles cheios de energia e fome de conhecimento. Melhor não subestimá-los. Dê a eles um bom motivo para ler e logo eles devoram os livros que passam pela frente. Foi assim que aconteceu um dia desses na sala de aula Nem foi preciso levá-los para a Sala de Leitura, aquele espaço reservado onde os livros repousam nas prateleiras antes de serem jogados aos leitores. Isso mesmo. Mas nesse tal dia em sala de aula, os livros  foram parar sobre as mesas e delas para as carteiras, para serem saboreados pelos danadinhos do aprendizado. E olha que nem foi preciso muito esforço para tê-los querendo saber o que havia nos livrinhos. Era página virada daqui, leitura correndo solta dali. E para firmar o desenrolar do processo, pedi a eles que lessem em voz alta também de modo que os outros tomassem conhecimento do que cada história se tratava. A mesa farta recheada de livros foi logo devorada, saboreada pelos JLA´s, os Jovens Leitores em Ação.
   Me impressinou a vontade deles em mergulhar nas aventuras ilustradas, coloridas e fáceis de entender. Um novo mundo vai se abrindo para os pequenos grandes estudantes do 6º ano do Ciep 394 CÂNDIDO AUGUSTO.

domingo, 9 de abril de 2017

FAZENDO ARTE DE TARDE

   Lá estavam eles, meus alunos de qualquer dia e de qualquer professor. Eles são aquilo que ainda não são: alinhados com a sua própria turma. Estão fora do fluxo de aprendizado e por isso precisam de reforço, uma superdose de glicose de conhecimento para "chegarem junto" com os outros colegas que avançam a cada série. "Pisaram na bola" e não aprenderam como deviam. Estão de recuperação por enquanto. Mas isso nem vem muito ao caso. O importante é que eles estão ali para serem "melhorados". Os alunos da correção de fluxo são considerados por muitos professores como caso perdido. Eu já acho que todos estão se achando ali. Eu os acho muito bons. Talvez apenas preguiçosos. Nós professores precisamos energizá-los para podermos levá-los à frente. Se não vão de um jeito, vão de outro. Caminhos não faltam. Falta talvez combustível. De qualidade. Habilidade para conduzir o aluno na aula. Rumo ao aprendizado.
   Esta semana foi uma daquelas que te poem à prova. Tê-los ali na sua frente exige que você, professor, saque da manga um trunfo para dar a virada no jogo. Inspirar no aluno o gosto pela aula é a maior jogada de mestre que pode existir. Fazê-los mergulhar no projeto de aprendizado é o alvo principal.
   Não foi preciso muito trabalho para conseguir deles esforço conjunto para atingir a meta da aula. Bastou que eles tivessem noção da importância da arte na vida humana e o que ela é capaz de produzir na alma do indivíduo para que eles logo se jogassem à deliciosa tarefa de produzir arte apenas brincando. E foi isso que fizeram.






quinta-feira, 30 de março de 2017

BATALHA NA ESCOLA

Meus alunos são uma "benção". Estão sempre prontos a sabotar minha aula. Já me acostumei com isso e sei lidar com esse problema corriqueiramente. Eu também aprendi a ser terrorista quando esbarro com eles em momento de ação repentina. Nosso campo de batalha atualmente é na sala de leitura. Ali eu os tenho sob minha mira constante e não hesito em bombardeá-los sem pena. Mas quando eles vão pra ali, é pra que eles apresentem resultados a partir do que lhes é colocado como conflito gerador. Seja um pequeno texto com tema de fácil compreensão para a partir disso eles exporem sua visão. Seja um filme para posterior debate envolvendo várias questões maiores. O importante que ali a  coisa fica séria e o tempo, que já não é muito extenso, fica refém da ação entre professor e alunos. Nessa primeiras semanas que abriram o ano de 2016, o que mais setem visto ali na sala de leitura é um confronto implacável entre ideias e palavras. Sem muito tempo para falação desproposital.




quarta-feira, 28 de setembro de 2016

NO COMPASSO DA MÚSICA

 








    Trabalhar com música em sala de aula é um prazer, desde que devidamente planejado. Os alunos se envolvem com o ritmo que lhes afeta psicologicamente e se reflete no corpo. Há gosto para tudo, mas o gosto individual deve ser apurado com o objetivo de ensinar a magia da música no universo psicossocial dos alunos.
    Esta semana desenvolvi o projeto "Isso é Música", com o objetivo de mostrar aos alunos que existe muito mais música do que apenas funk (se é que isso pode ser chamado de música) e pagode. Fazê-los ouvir os acordes afinados e em harmonia numa teia de elementos que compõem o universo musical foi o que me levou a "estourar" os alto-falantes pelos corredores do Ciep 394 e .perceber que o som bem trabalhado e divulgado agrada a quase todos os ouvidos.
    Comecei tocando para os alunos um jazz do mais alto nível, coisa que talvez a maioria deles nunca tenha ouvido. Notei que os sentidos se aguçavam com a bela apresentação de notas e timbres numa intensidade e disposição melódica que penetrava os corpos e os fazia se mexerem instintivamente. Lá no fundo das notas firmes do jazz está o raiz negra que deu luz à musica inicialmente tocada pelos americanos no Sul dos EUA e dali difundida para o resto do mundo. Essa mesma raiz negra tomou direções opostas e se ramificou no som afro que se espalhou pelas Américas, contagiando a população do Brasil e arredores.
    Com o mesmo intuito de impressionar os alunos, no segundo dia toquei para eles um soul, aquele gênero marcante em que a bateria e a guitarra tem força marcante no compasso melódico e que foi produto de uma era em que os negros começavam a se perceber como força cultural e de um movimento de renovação artística, dando origem a subgêneros que se espalharam pelos vários continentes.
    E por fim dei aos alunos o prazer de ouvirem e dançarem o samba, expressão maior da música popular brasileira, que este ano e 2016 completa 100 anos. Não poderia haver maior representatividade no espaço escolar um trabalho que valorizasse a origem africana na música apreciada mundo afora e que nas Américas tem tido a repercussão intensa ao longo de todo um século. e assim foi que os alunos se deliciaram pelos corredores ouvindo jazz, soul e samba.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

ISSO (NÃO) É MACUMBA!!!

   Começo a aula de Cultura Brasileira, inserida no programa de Produção Textual. A ideia é mostrar aos alunos a variedade de ritmos musicais e danças que se espalham pelo Brasil afora, de norte  a sul do País. Imaginei que passando um vídeo em que estejam representados os sons da região amazônica, do Nordeste e do sudeste, os alunos teriam uma melhor visão da cultura brasileira, que afinal, é formada pela união de povos variados. Ao som do carimbó, de Belém do Pará e de regiões próximas, os alunos se animam a saculejar, a requebrar com a força rítmica do som caboclo.Impossível ficar parado. Em seguida, faço-os ler um texto explicativo das origens do som nativo do Pará. Ali está a influência dos escravos africanos na batida surda dos atabaques que eram utilizados nos festejos das senzalas para aliviar a dor do sofrimento causado pela escravidão. Junto a isso, os sons das maracas indígenas contribuíram para a harmonia e a rapidez da batida, que com a presença de instrumentos de sopro e  de corda dos brancos portugueses, fez nascer o carimbó paraense.
   Em seguida, passamos para o Nordeste, onde fomos conhecer o som afro do maracatu, mas que também recebeu contribuição dos indígenas desde os tempos de colônia em que o Brasil se encontrava. A riqueza da vestimenta colorida e dos passos da dança do maracatu mostra um outro perfil cultural do país, em que a presença do negro na população é marcadamente revelada pelos traços físicos do povo da terra. Tudo ia bem, com os alunos se deliciando com a batida afro dos instrumentos, quando, de repente, um engraçadinho lá do meio da sala dá o tom de deboche: -Isso é macumba?-  Parei imediatamente o vídeo para lhe falar que esse tipo de comentário simplesmente revela desconhecimento da cultura afro-brasileira, bem como preconceito para com a formação do povo de nosso país.
     Isso me deixou um pouco deprimido e indignado, pois venho percebendo que já existe uma tradição familiar na sociedade brasileira de condenar qualquer manifestação cultural folclórica que traga elementos de cultura negra de nosso povo. Isso é apenas reflexo da ignorância que se abate sobre a sociedade contemporânea e principalmente na classe estudantil, onde os professores não se empenham em construir uma cultura de integração social, onde estejam incutidos valores importantes de um povo. É imprescindível que nossos alunos saibam muito bem distinguir cultura popular afro-brasileira de manifestação religiosa a que eles chamam de "macumba", repleta de cunho pejorativo e preconceito.  
    Mas não me deixei abater e continuei a mostrar ritmos nativos das regiões brasileira, sapecando, desta vez, um vídeo com a festa do Bumba-meu-boi do Maranhão, levando a conhecer a verdadeira origem da dança. E o som ouvido por eles no vídeo que apresentei é de ninguém menos que Jackson do Pandeiro















domingo, 18 de maio de 2014

E FOI PELOS ARES





    Não poderia ser diferente. Ou poderia? O fato é que amanheci com essa ideia na cabeça: promover uma confraternização na abertura do microprojeto GOL, GOL, BRASIL! que serviria de ponta-pé inicial do projeto maior, EU AMO MINHA ESCOLA, de iniciativa do professor de Geografia, com fins de integração aluno-escola. Pois bem. Comecei a manhã de sexta-feira como de costume, ensinando, em Língua Portuguesa, predicado nominal, fazendo os alunos conhecerem os verbos de ligação principais e exemplificando com frases criadas na hora, corrigindo-lhes os erros, fazendo-os saber o que é nome, verbo e principalmente a diferença entre sujeito e predicado, pois alguns ainda não dominavam totalmente o assunto. 
    Transcorridos uns 30 minutos, dei por encerrada minha aula de Português e, já tendo avisado a turma que teríamos uma atividade solene, com a presença da Direção e Coordenação da escola, fia os alunos abrirem espaço no auditório para que pudéssemos ali realzar a atividade, que incluiria apresentação de vídeo com música e canto. Pedi a uma colega que auxiliava a secretária da escola que f icasse ali na minha sala de aula uns segundinhos tomando conta dos alunos, para evitar que estes fizessem muita bagunça na sala, pois alunos sozinhos em sala de aula só dá coisa que não presta, enquanto eu chamasse duas turmas para presenciar e prestigiar a abertura do projeto, que afinal incluía outras turmas, inclusive essas duas em especial, ambas de 1º ano do Ensino Médio. 
    Logo em seguida, voltei para aguardar em sala, com meus alunos e quase ao mesmo tempo em que cheguei, uma das turma de 1º ano também adentrou o auditório. A minha turma que já se encontrava ali, tratou de se posicionar mais próxima de mim, justamente para dar espaço para a primeira turma convidada que chegava. Nesse ínterim, comecei falando do projeto que se iniciaria naquele momento, com a presença das  duas turmas que estariam ali, e que esse projeto, GOL, GOL, BRASIL tinha o objetivo de integrar e promover a união entre os alunos e a escola, num clima de paz. De repente, ouviu-se um estouro na ssala de aula e ao levantar os olhos para o fundo da sala, ainda tive tempo de ver a pequena nuvem de fumaça junto a alguns alunos que estavam sentados.Imediatamente houve uma leve gritaria por causa do susto que a explosão de um cabeção de nego que um aluno sem consciência teve a coragem de soltar naquele lugar. Sem pensar duas vezes, suspendi imediatamente a atividade e chamei a direção da escola, que entrou e se dirigiu a todos os alunos dizendo: --O que aconteceu aqui? Foi isso mesmo que eu ouvi? Uma explosão de cabeção de nego? Pois que ninguém me saia deste auditório até que possamos averiguar quem foi o alunos que fez isso. Será que esse aluno não imagina que alguém poderia sair gravemente ferido daqui? A essa altura, já não me passava mais pela cabeça fazer nenhuma abertura de projeto. todo o meu esforço para aquele dia tinha ido pelos ares com a a bomba. Já faz algum tempo que esse tipo de sabotagem está acontecendo na escola. E isso tem ficado cada vez mais audacioso. Me resta agora partir pra outra turma e recomeçar meus planos. Desta vez, pisando em campo minado.


domingo, 23 de março de 2014

DA JANELA UM HORIZONTE...










Da janela, um horizonte
A liberdade de uma estrada eu posso ver


Os versos da canção de Roberto Carlos deixam perceber o caminho que se trava com o desenvolvimento de um trabalho sério que leve os alunos a enxergarem a médio ou longo prazo os resultados do esforço conjunto. Propostas de conscientização, projetos que tenham aplicabilidade no aprendizado para a vida prática dos alunos são muito importantes ao lado da grade curricular que eles tem nas aulas. É preciso deixar claro que sala de aula é a fábrica de conhecimento, mas a indústria é o mundo. E eles, os alunos, são parte dessa indústria, são a linha de montagem.